Fonte: Agência Fiocruz / Elisandra Galvão (VPPCB/Fiocruz)
Na última quarta-feira (6/12), ocorreu o encontro anual do Programa de Pesquisa Translacional em Nanotecnologia (Fio-Nano). A atividade, com formato formato virtual, abordou os desafios e as perspectivas para estruturar a rede de nanotecnologia na Fiocruz. Também debateu questões técnicas e regulatórias e as formas para fortalecê-la como uma iniciativa para desenvolver estratégias, superar desafios e promover a colaboração entre pesquisadores/as diversos/as e instituições.
Na abertura, Ana Paula Cavalcanti, coordenadora executiva do Programa de Pesquisa Translacional (PPT) da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), e André Sampaio, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e um dos coordenadores do Fio-Nano, deram as boas-vindas. Ele conduziu a programação e expôs a necessidade de fortalecer a estruturação da Fio-Nano e o trabalho em rede. Além de Sampaio, a coordenação provisória do Fio-Nano é feita por Carlos Calzavara, da Fiocruz Minas; Fábio Formiga, da Fiocruz Pernambuco; Helvecio Rocha, de Farmanguinhos/Fiocruz; e Roberto Nicolete, da Fiocruz Ceará.
Fizeram falas na abertura Isabella Delgado, coordenadora adjunta da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), coordenadores do Fio-Nano e uma representante da Rede de Plataformas Tecnológicas (RPT). Isabella Delgado ressaltou o papel do diagnóstico sobre a rede para apoiar a tecnologia na instituição. “Muito bom ver a rede animada, retomando um tema importante para a Fiocruz e a ciência brasileira”. Ela afirmou que se deve fomentar a educação modular nas formações voltadas para nanotecnologia porque atenderá diferentes públicos. “A possibilidade de atuarmos em rede no campo da educação é muito promissora”, observou.
Da RPT, Jeanine Boniatti enfatizou a necessidade da rede ser ativa tanto institucional quanto extra-institucionalmente. Ela lembrou que a Fundação tem 78 plataformas e várias delas podem ser usadas pela área de nanotecnologia. Logo, há amplas possibilidades de desenvolvimento de projetos e produtos nanotecnológicos.
Na visão de Carlos Calzavara é preciso reestruturar a rede. Ele disse que a Fio-Nano tem a capacidade de percorrer outros programas da instituição, de catalizar projetos, produtos e processos. “A capacidade de bancada é enorme. Há a necessidade de atuar como rede. A base para estruturar a nano tem que começar com a educação, formação e divulgação”, concluiu.
Houve ainda mais três posicionamentos sobre o panorama de desafios e perspectivas para a rede. Fabio Formiga apontou que se deve integrar as ações de nanotecnologia aos diferentes eixos da Fiocruz. Um caminho é por meio do PPT, que pode contribuir para melhorar da estrutura da rede. Já para Helvécio Rocha resgatar e fortalecer a Fio-Nano fará a Fundação se consolidar na nanotecnologia aplicada e assumir um papel de vanguarda nacional e internacional. Enquanto Roberto Nicolete avaliou ser importante tratar a nanotecnologia não apenas como uma ferramenta, mas como uma ciência. Além de promover uma padronização do ensino nas unidades da Fiocruz sobre temas relacionados à nanotecnologia.
Questões regulatórias e a experiência da Rede Nano Saúde
Os entraves envolvendo as normas, guias e procedimentos operacionais padrão e a atuação dos reguladores no campo na nanotecnologia no Brasil foram apresentados na palestra de José Mauro Granjeiro, do Inmetro. Ele considera importante perceber as dificuldades regulatórias em nanotecnologia. Para ajudar a superá-las, trouxe exemplos como o projeto Certifica Nano, encomendado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e previsto para conclusão ainda neste ano. Granjeiro explicou que os principais desafios regulatórios são as complexidades das nanopartículas, limitações na avaliação de riscos, falta de dados e referências, desafios na detecção e monitoramento, regulamentação internacional, segurança no local de trabalho, avaliação de toxidade, acompanhamento tecnológico, equilíbrio entre inovação e segurança e aceitação pública.
Para enfrentar estas dificuldades “é importante adotar abordagens baseada em evidências, promover a cooperação internacional na regulamentação e investir em pesquisa e desenvolvimento de métodos de avaliação de riscos e segurança específicos para nanotecnologia”, orientou.
Outra experiência partilhada foi a da Rede Nano Saúde, que tem um olhar para pesquisa fundamental, a pesquisa tecnológica e o mercado – devido a sua interface grande com startups. Na rede, observou que “a pesquisa começa com o olhar na regulação porque tem que atender as demandas regulatórias. A conexão com a clínica é fundamental porque a rede está focada em saúde.” Entre os resultados da Rede Nano Saúde citou o impacto na formação de pessoal – mestrado e doutorado –, o aumento do número de artigos publicados e o investimento em comunicação pública científica.
Perspectivas em debate
Na segunda parte do evento, houve uma discussão geral sobre as estratégias para consolidação da rede. Entre as proposições debatidas estão a da organização da Fio-Nano em subredes e eixos temáticos – para atender usuários internos e externos, o trabalho de desenvolvimento tecnológico integrado, o uso do Sistema de Apoio à Gestão Estratégica (Sage), trabalhar métodos alternativos e apoiar projetos na área. As subredes foram mencionadas como um ponto crucial, embora ainda careçam de oficialização. Uma consideração comum foi a de que, se a nanotecnologia for vista como estratégica para Fiocruz, será também para o desenvolvimento científico e tecnológico da instituição.