Fonte: Portal Fiocruz – Elisandra Galvão (VPPCB/Fiocruz)
Ao destacar a importância do I Encontro Fio-Mucosa para incentivar o diálogo com a comunidade científica, Ana Caetano, professora da UFMG e diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, afirmou que a ciência volta a ter protagonismo. Ela participou, juntamente com Alda Cruz, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz que assumiu a direção do Departamento de Doenças Transmissíveis, também do Ministério da Saúde, da mesa-redonda que discutiu os estudos sobre a mucosa – membrana interna de vários órgãos. O evento aconteceu em 2/10, no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em Minas Gerais. A organização foi feita pelo Programa de Pesquisa Translacional (PPT) em Mucosa, da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz).
“Como cientista e pesquisadora posso dizer que a área de imunologia de mucosas cresceu muito nos últimos anos. Também é preciso falar da relevância da Fiocruz ter abraçado esta área”. Ana Caetano justificou esta observação ao lembrar que, além da relevância da mucosa para o sistema imune, no país, várias doenças denominadas como negligenciados afetam as mucosas. “Acho muito importante que a Fiocruz, sendo uma potência para a saúde pública, invista na pesquisa nessa área. É preciso investir em ciência porque isto não só significa desenvolvimento, melhoria da qualidade de vida das pessoas, da população brasileira, mas também um fator de desenvolvimento para o Brasil”, complementou.
Para Alda Cruz, o Fio-Mucosa tem como área de atuação uma interface entre doenças que são muito valiosas para a saúde pública, tanto as infecciosas como as não infeciosas. “Do ponto de vista do Departamento de Doenças Transmissíveis, trabalhamos com a lógica de que muitas doenças no intestino têm uma atuação sistêmica. Podemos citar algumas que são esquecidas/invisíveis como as parasitoses intestinais (como amebíase – ameba; ascaridíase – lombriga; ancilostomíase – amarelão, etc.) e as diarreicas (que causam diarreias e outros problemas). São duas áreas nas quais precisamos compreender melhor como a interfase com a mucosa interferirá na evolução dos pacientes. Toda pesquisa neste campo tem uma importância muito grande no Ministério da Saúde”, explicou.
O encontro integrou a programação do XLVII Congresso da Sociedade Brasileira de Imunologia, realizado de 2 a 6 de outubro, na UFOP. Na abertura, Ana Paula Cavalcanti, coordenadora executiva do PPT, falou sobre a pesquisa translacional e os objetivos do programa. Para ela, a primeira edição presencial do Fio-Mucosa representou a retomada de uma maior integração, pois a rede prioriza o crescimento e a divulgação do programa para disseminar conhecimento e estabelecer novas parcerias.
Temas centrais das discussões
As demais palestras se detiveram sobre as diversas funções das células T gama delta relacionadas ao câncer de cólon (intestino grosso), ministrada por Bernardo Reis (Rockefeller University); a interface entre dieta, a microbiota intestinal – antigamente denominada floral intestinal – e as doenças infecciosas, apresentada por Angélica Vieira (UFMG); e a sinalização purinérgica no contexto da inflamação da mucosa, seus aspectos foram abordados por Robson Coutinho (UFRJ).
Para Hebert Guedes, pesquisador do IOC/Fiocruz, que falou sobre os desafios para a rede translacional Fio-Mucosa, foi uma grande alegria estar no primeiro evento presencial. Ele agradeceu o apoio e o suporte da VPPCB/Fiocruz e enfatizou que o objetivo da rede Fio-Mucosa é divulgar a importância da mucosa como o elemento que permite o contato entre o meio ambiente e nós.
Guedes esclareceu ser pela mucosa que pegamos a maioria das doenças e, por meio dela, também nos alimentamos. Por isto, a área da mucosa é muito significativa, tanto devido às doenças, como por seu funcionamento e fisiologia. Ele ressaltou a relevância do debate feito sobre a ciência no contexto de eliminar as doenças e da presença das/os estudantes no encontro. “Agradecemos a Sociedade Brasileira de Imunologia por ter nos permitido fazer o evento em conjunto e iniciar a discussão sobre o que é a rede nacional, o Fio-Mucosa e as políticas públicas da ciência para estudos de mucosa. O encontro estimula o debate dentro e fora da Fiocruz para o papel que temos para sociedade científica. Espero que consigamos fazer outros eventos, trazer mais estudantes e continuar a contribuir para a ciência do país”.